Taxista deixou o Ceará aos 17 anos e juntou dinheiro para dar vida melhor à família no Rio
O taxista Francisco Romeu da Silva, vítima da Covid-19 Foto: Arquivo pessoal
Francisco Romeu da Silva não teve infância fácil. Começou a trabalhar aos 9 anos, na roça, em Nova Fátima, interior do Ceará — e nunca mais parou.
Como milhares de brasileiros, saiu ainda novo do Nordeste, aos 17, e migrou com as irmãs para o Rio de Janeiro, cidade onde viveu até o último dia 8, quando morreu vítima da Covid-19.
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Francisco fez de tudo um pouco: começou com bicos e trabalhou como garçom até conseguir juntar dinheiro suficiente para adquirir sua autonomia de táxi, há pouco mais de duas décadas:
— Ele sempre quis muito vencer na vida, de forma honesta, e trabalhou muito para isso. Era uma pessoa que estava sempre disposta, saudável, não tinha rancor nem mágoa das dificuldades. E sempre ajudava quem precisava — lembra o irmão Assis Guerra.
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Foi assim que, com o dinheiro que acumulou nos primeiros empregos na capital fluminense, veio trazendo os outros irmãos mais novos e a mãe. A família de dez pessoas se instalou no Andaraí, Zona Norte da cidade. Era lá que eles se encontravam em churrascos e festas.
— Ele era o mais animado, sempre sorridente — conta a cunhada Maria Celma Ferreira. — Era uma pessoa muito leal à família e um tio apaixonado pelos seus sobrinhos.
Depois de dois anos parado, Francisco, que era solteiro, estava animado. Comprou carro novo e tinha voltado a circular, há cinco meses.
— Tinha muitos planos ainda e vai deixar enorme saudade em todos — lamenta o irmão caçula, Manoel da Silva, que também é taxista.
O taxista Francisco Romeu da Silva, vítima da Covid-19 Foto: Arquivo pessoal
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