Dificuldade para contratar diarista levou empresário a abrir primeira rede de serviços domésticos do país
Fundador da rede Mary Help criou o conceito de negócio e inaugurou um novo segmento de mercado no Brasil em 2011
Engenheiro de alimentos e pós-graduado em marketing e finanças, José Roberto Campanelli, 68 anos, é dono de um currículo extenso, com passagens em negócio de fast food e joalheria, tendo trabalhado com vendas em uma empresa de corretagem de algodão e fios têxteis, entre outros negócios.
Sua experiência corporativa de 27 anos – que inclui duas multinacionais do ramo alimentício, atuando como engenheiro de alimentos e gerente de marketing, é muito eclética, mas sempre com foco no sucesso.
Um exemplo que o empresário gosta de citar é a experiência que teve como proprietário de uma rede de joalherias. Quando entrou neste mercado, acreditou que estava no caminho certo. Chegou a ter três lojas de uma rede italiana, atuando em shoppings centers importantes do estado de São Paulo. As mercadorias vendidas eram 100% importadas e o negócio foi iniciado em 1998, quando um dólar equivalia a apenas um real.
Porém, em janeiro de 1999, o real foi desvalorizado em 80% e pouco mais de dois anos depois, em junho de 2001, sofreu nova maxidesvalorização de 40%, chegando um dólar a valer R$ 2,80. Apesar estes revezes, as coisas continuavam fluindo, mas tudo mudou quando, em 2002, a taxa do dólar chegou a R$ 4,00. As alegrias e o sucesso que um dia as lojas trouxeram haviam se tornado tristeza.
Como sempre teve espírito empreendedor, certa vez, quando precisou de uma profissional diarista para trabalhar em sua casa e teve dificuldades para encontrar, José Roberto enxergou aí uma oportunidade. “Perguntamos aos amigos, parentes e vizinhos se conheciam uma diarista e só conseguimos uma indicação através da empregada da vizinha, mas era uma pessoa que ela própria mal conhecia. Achei um absurdo ter essa dificuldade em uma cidade com mais de 400 mil habitantes”, afirma o empresário.
Intrigado com a falta de profissionais, José Roberto procurou empresas que fizessem diárias em residências, mas só encontrou grandes limpadoras que atuavam em clientes também de grande porte. O resultado negativo nas buscas fez com que ele buscasse pesquisas de mercado para entender o retrato real do trabalho doméstico no Brasil e suas tendências – um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que abrangeu o período de 1999 a 2009, publicado em maio de 2011 deu a resposta, mostrando que o mercado de empregadas domésticas estava em declínio com ascensão do trabalho de diaristas.
Era o que o empresário precisava para embarcar em um novo negócio – teve então a ideia de fundar a Mary Help, primeira rede de franquias de diaristas e mensalistas do Brasil, idealizada para o público que buscasse serviços em residências e pequenas empresas.
A empresa nasceu em 2011 com o intuito de intermediar, de forma segura e prática, serviços de diaristas e mensalistas, com profissionais para limpar, faxinar, lavar e passar roupas, cozinhar, cuidar de idosos, babás, entre outros serviços.
“Sempre tive espírito empreendedor e por mais que estivesse atuando em minhas áreas de formação, trabalhava também em atividades paralelas, que durante muito tempo superaram em rendimentos o que eu recebia como funcionário na minha carreira corporativa. Passei por muitos setores onde aprendi muito, mas encontrei na área de serviços para residências e pequenas empresas um nicho grande e até então inexplorado. Resolvi, então, apostar todas as minhas fichas”, conta Campanelli.
A Mary Help se tornou sucesso inicialmente em São José do Rio Preto, onde Campanelli reside e já no final do ano de sua criação, a empresa entrou para o ramo do franchising – mas as primeiras unidades franqueadas começaram as suas operações em 2012. O empresário, que sempre conciliou diversas funções, só largou realmente as outras atividades que exercia para focar apenas na agência, dois anos após a sua fundação.
Ganhadora por três anos consecutivos do prêmio de excelência da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a Mary Help é uma das redes de franquia que mais crescem na área de limpeza e conservação no país e hoje conta com 161 unidades franqueadas em todas as regiões do país. O modelo de negócio foi tão bem aceito que deu origem a um novo segmento de mercado no Brasil, copiado posteriormente por outras empresas concorrentes.
Entre franqueados, colaboradores internos e outros profissionais externos intermediados, a rede – que faturou R$98 milhões em 2022 – gera trabalho direto para quase 10 mil pessoas em todo o país. Considerando que para cada pessoa diretamente ligada ao negócio temos mais outras três ou quatro na família, podemos dizer que, atualmente, cerca de 40 mil pessoas no Brasil vivem da renda obtida com o negócio.
Neste sentido a Mary Help cumpre um importante papel de inserção social, já que sem a sua intermediação, muitas profissionais diaristas teriam dificuldades em encontrar trabalho. Já os empreendedores, encontraram na franquia uma alternativa aos empregos formais, com faturamento mensal que podem passar de R$200 mil.
Ficha de investimento Mary Help
Cidades de 30 a 70 mil habitantes
Investimento Total: R$ 32.000,00
Taxa de franquia: R$ 24.000,00
Capital de Giro: a partir de R$ 3.000,00
Equipamentos e abertura da empresa: R$ 5.000,00
Faturamento médio mensal (estimado): R$ 30.000,00
Lucro Líquido Médio Mensal: R$ 6.000,00
Royalties: de 1,25 a 1,75 salário mínimo ou 4% do faturamento bruto
Taxa de publicidade: 30% do salário mínimo
Prazo de retorno do investimento: 12 a 14 meses
Cidades a partir de 70 mil habitantes
Investimento Total: de R$ 40.000,00 à R$ 60.000,00
Taxa de franquia: R$ 34.000,00
Capital de Giro: a partir de R$ 3 mil
Área para o ponto: 40 a 60 m²
Número de funcionários por unidade: 1 a 2
Faturamento médio mensal (estimado): R$60.000,00
Lucro Médio Mensal: de 15% a 25%
Royalties: de 1,75 a 3,25 salário mínimo ou 4% do faturamento bruto
Taxa de publicidade: 30% do salário mínimo
Prazo de retorno do investimento: 12 a 14 meses
